A trajetória de José Boto como diretor executivo de futebol do Flamengo, iniciada há pouco mais de seis meses, começa a ser marcada por turbulências internas. Indicado pessoalmente pelo presidente Rodolfo Landim e homem de confiança de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, o dirigente vive momento de desgaste nos bastidores da Gávea. Apesar dos bons resultados em campo no primeiro semestre, o clima entre Boto e parte do elenco, dirigentes e funcionários tem gerado preocupação.
Fontes próximas ao departamento de futebol relataram ao portal fge que o português demonstra insatisfação com o cenário atual. Por outro lado, seu estilo de gestão tem sido alvo de críticas recorrentes, incluindo decisões como a tentativa de contratação de Mikey Johnston, atacante irlandês que atua na segunda divisão inglesa, vetada pelo próprio Bap, e a negociação sem compensação financeira do jovem Victor Hugo para o Famalicão, de Portugal.
Entenda a crise de José Boto no Flamengo
- Multa rescisória de R$ 2 milhões em caso de saída unilateral, com cláusula extra de 30% sobre o valor de imagem se não houver aviso prévio;
- Críticas internas após tentativa frustrada de contratar Mikey Johnston, vetada por Bap após reação negativa da torcida;
- Negociação de Victor Hugo sem compensação financeira também causou mal-estar e fez diretoria recuar;
- Desgaste com jogadores, empresários e funcionários enfraquece autoridade de Boto nos bastidores;
- Apesar da pressão, presidente Bap ainda sustenta o dirigente no cargo, mas prestígio está em queda.
Contrato com cláusulas que impactam saída
Caso a relação entre clube e diretor se encerre agora, seja por decisão unilateral do Flamengo ou do próprio Boto, o contrato prevê multa rescisória na casa dos R$ 2 milhões. O acordo inclui vínculo empregatício e de direito de imagem, modelo semelhante ao aplicado em contratos de atletas. Nesse segundo aspecto, há uma cláusula específica que pode beneficiar o Flamengo: se José Boto pedir demissão sem aviso prévio de 30 dias, o clube tem direito a 30% adicionais sobre o valor acordado.
Essa interpretação contratual é a mesma que norteia a atual disputa do clube com Gerson. Vendido ao Zenit (Rússia), o meia pagou multa rescisória de 25 milhões de euros, mas o Flamengo entende que houve rompimento unilateral do contrato de imagem e estuda ação judicial para cobrar a totalidade do valor acordado.
⚠️ Atenção!
José Boto não está em sintonia com seus superiores e subordinados no Flamengo.
O desgaste vai além da situação de Mikey Johnston, que expôs ainda mais o dirigente português.
O primeiro e maior fator de desgaste com Boto está na relação com Filipe Luís. O presidente… pic.twitter.com/3Rv9eQgtbY
— Planeta do Futebol 🌎 (@futebol_info) July 7, 2025
Pressão interna cresce e respaldo diminui
A situação de Boto piorou com o episódio da contratação de Mikey Johnston. A reação negativa da torcida nas redes sociais e o incômodo entre conselheiros e diretores fizeram com que o presidente interferisse diretamente no departamento de futebol, pedindo a desistência do acerto. O jogador, inclusive, tinha chegada ao Rio prevista para esta terça-feira (8).
Outro ponto de atrito recente foi a negociação sem retorno financeiro de Victor Hugo, de 21 anos, com o Famalicão. A transação, inicialmente tratada como certa, foi travada após forte pressão interna por considerar inaceitável abrir mão de um ativo do clube sem qualquer compensação.
Não é a primeira vez que o nome de José Boto circula entre as críticas. Desde que assumiu o cargo, o diretor acumula desentendimentos com empresários e até com jogadores do elenco. Ainda assim, continua com respaldo direto de Bap, embora seu prestígio dentro da diretoria e dos bastidores seja hoje muito menor do que no início de sua gestão.
Chegada com expectativa, início sem brilho
Boto chegou ao Flamengo em 28 de dezembro de 2024 com status de reforço de impacto. O desembarque no aeroporto contou com cobertura ao vivo da FlaTV e clima de festa. Com passagens por Shakhtar Donetsk e Benfica, o dirigente prometeu revolucionar a gestão do futebol rubro-negro. Passados quase sete meses, a reformulação prometida ainda não se concretizou, e os problemas extracampo começam a ofuscar os bons números conquistados dentro das quatro linhas.
